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História pra Contar: Porque os contadores de história têm boa memória

  • Foto do escritor: Cia ContaCausos
    Cia ContaCausos
  • 16 de dez. de 2015
  • 2 min de leitura

Porque os contadores de histórias têm boa memória e apreciam bons vinhos

Os pássaros não podem escrever, eles têm penas demais.



Ora, conta-se na África ocidental que no início dos tempos não havia histórias e também não havia sabedoria. O mundo era muito triste. Por isso, o primeiro contador de histórias foi também o primeiro buscador de histórias que saiu pelo mundo afora acompanhado de um pássaro-escrivão: o marabu.


O marabu é o único pássaro que sabe qual das penas do seu traseiro deve ser arrancada para que, com ela, se possa escrever, o que faz dele um pássaro especial. É por isso que foi escolhido para sair pelo mundo, pousado no ombro do primeiro buscador e contador de histórias.


Andaram pelo mato afora, pela savana e ao longo dos rios para escutar os ventos, as pedras, as águas, ás árvores e os animais. E encontraram muitas pessoas até então desconhecidas que iam lhes contando suas histórias.


Munido da pena arrancada de seu traseiro e utilizando uma tinta feita de água, pó de carvão e goma-arábica, o marabu-escrivão anotava conscienciosamente todas as histórias que escutava. O buscador e contador de histórias caminhava e pensava:

“Não me será possível recordar todas essas histórias.”

Mas o marabu continuava a ouvi-las e a escrevê-las.

Pois saibam que, uma vez tendo voltado para casa, o primeiro buscador e contador de histórias obteve a solução para o problema que o atormentava. Seguindo os conselhos do marabu, encheu de água uma grande cabaça e nela mergulhou todas as histórias escritas. Durante a noite, naquela cabaça, que na África é chamada de canari, as palavras escritas com tinta se dissolveram na água. No dia seguinte, na refeição da manhã, o marabu mandou que o buscador e contador de histórias bebesse todo o conteúdo do canari como desjejum.


Assim, todas as histórias bebidas tornaram-se histórias sabidas.

Se por acaso você precisar beber uma história, escute o meu conselho: beba tudo. Não deixe nada no fundo do copo, porque isso poderia dar um branco em sua memória.

Essa é a razão pela qual, em todos os tempos, os contadores de histórias sempre foram, também, bons bebedores de vinhos.


Conto publicado no livro O Ofício do Contador de Histórias, de Gislayne Avelar Matos e Inno Sorsy

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